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mapa de Olaria de Viana do Alentejo
A designação “Olaria” define hoje um conjunto de técnicas para o fabrico manual de peças em barro. Em Viana do Alentejo, esta corresponde a um dos elementos identificativos da paisagem cultural local. Sede de concelho com mais de 5.000 habitantes, Viana do Alentejo traduz na sua cultura material toda a tradição e conhecimento de gerações inculcados nos trabalhos manuais. À semelhança da arte chocalheira de Alcáçovas, hoje classificada pela UNESCO como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, a olaria de Viana do Alentejo constituirá, como a sua História e os seus protagonistas tem vindo a provar, um contexto único em Portugal, onde a olaria e a cerâmica várias vezes cruzaram caminho, sob a égide do mais humilde dos oleiros (como o vianense Francisco Lagarto) e do mais conceituado dos artistas plásticos (como o portuense Júlio Resende).
Seguindo as vicissitudes da História Local, a olaria terá mantido a sua característica utilitária, com as formas que a nós chegaram e com outras que, entretanto, caíram em desuso ou se perderam na memória coletiva. Taças, pratos e jarros são apenas exemplos de uma produção que ainda hoje se mantém, mas que têm como exemplo maior o alguidar. Podemos deduzir que este tenha sido introduzido no catálogo das produções locais pelos árabes, aquando da sua ocupação da Península Ibérica (secs. XVIII a XV). O alguidar de produção vianense destaca-se das produções dos restantes centros oleiros pelo seu bordo saliente, tornando-se desta forma mais ergonómico, e dai mais procurado.
Ao falar em trabalho do barro
nesta vila alentejana, que em pleno século XIX tinha cerca de 22 olarias identificadas, teremos que associar a tradição oleira (fruto da transmissão geracional e familiar do conhecimento em contexto de oficina) do “barro verde” (grés – extraído da Herdade dos Baiões desde 1255) à tradição cerâmica, que por sua vez tem os seus alicerces na escola Médico de Sousa. Esta, fundada a 28 de outubro de 1893, constituiu uma escola-oficina onde se ensinavam praticamente todos os processos relativos aos ofícios do oleiro, forneiro de louça e pintor cerâmico. Sendo uma das primeiras escolas industriais do país, viria a enfraquecer o laço geracional da passagem familiar do conhecimento, uma vez que todos os inscritos teriam a oportunidade de aprender as técnicas do trabalho do barro, previamente circunscritas aos círculos familiares.
Procurando manter a sua identidade através de processos manuais de produção tradicional (roda de oleiro e ferramentas auxiliares da modelagem, normalmente de produção própria), indissociáveis de uma estrutura patriarcal e de uma economia familiar de pequena dimensão, a olaria vianense debate-se ainda hoje com o crónico problema da falta de aprendizes e da ausência de um contexto económico-social que seja propício ao surgimento de novos espaços de produção. Os dois cursos de olaria, promovidos pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo e o Instituto de Emprego e Formação Profissional entre 2017 e 2019, permitiram a transmissão do conhecimento, mas a presente conjuntura não se tem manifestado favorável ao surgimento de novos valores cerâmicos.
Texto de Luís Banha, cedido pela Câmara Municipal de Viana do Alentejo.
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