A lã é uma fibra de origem animal, obtida maioritariamente do pêlo da ovelha e do carneiro. A fibra de lã está envolvida pela suarda, uma substância biológica que a torna macia e a protege dos elementos e atritos.
A qualidade e características da lã variam conforme a origem. Em Portugal, a lã mais usada é de origem ovina, onde se identificam 16 raças autóctones e três tipos principais: lã branca, preta e cinzenta. A estes correspondem três categorias: lãs merinas, feltreiras (cruzadas) e longais (grosseiras). De forma geral, as lãs merinas são mais finas que as feltreiras, e as lãs longais são as mais grossas de todas. “No geral, entre os pastores, é costume dizer- se que, numa escala que varia até à lã grosseira, existe a lã merina do tipo mais fino, a lã cruzada, menos fina que a anterior, e finalmente a lã churra, esta, considerada a lã mais grosseira.” (CHAMBINO, 2008). Geralmente, a tosquia dos animais é realizada entre Abril e Junho. De seguida, a lã é lavada (para tirar a gordura natural e poeiras), seca e amaciada, para finalmente ser cardada. A cardação tem duas fases: o “emborrar” (para os fibras mais grossas) e o “imprimir” (para as fibras mais finas). O objetivo geral da cardação é obter uma uniformidade na cor e na textura. Ao final da cardação, as fibras criam uma mecha que está pronto para passar a fiação.
A fiação manual é feita com duas ferramentas, uma roca e um fuso, construídos com varas de madeiras maciças. A parte superior da roca, o roquil, apresenta muitas vezes elementos decorativos em cana ou cortiça (CARVALHO; SÁ, 2015). O fio pode também ser feito na roda de fiar, que consiste numa roda assente num banco tripé e movida por um pedal. A roda de fiar é mais eficiente e resulta numa torcida mais consistente. As primeiras fiações mecânicas da revolução industrial seguem o princípio da roda de fiar manual.
“A lã oferece isolamento térmico mesmo quando molhada, é elástica e maleável mas simultaneamente resiste ao uso sem deformar e existe em diferentes cores naturais podendo também ser facilmente tingida. Para além disso, pode ser fiada em todas as espessuras desejadas sem recurso a mais apetrechos do que um simples fuso de madeira.” (POMAR, 2013)
Raças autóctones
Ovinos:
Churra da Terra Quente
Merino Preta
Churra Galega Bragança Branca
Merino Branca
Campaniça
Churra do Minho
Merino da Beira Baixa
Churra Galega Mirandesa
Bordaleira Entre Douro e Minho
Churra Galega Bragança Preta
Saloia
Churra Badana
Mondegueira
Churra Algarvia
Churra do Campo
Serra da Estrela
Caprinos:
Algarvia
Bravia
Chaernequeira
Preta de Montesinho
Serpentina
Serranda
Bibliografia
- CARVALHO, Ana Maria, coord.; SÁ, Isabel (2015). Usa e serás Mestre! Estórias de plantas e de saber-fazer. Vimioso: Aldeia
- CHAMBINO, Eddy (2008). Pastores, Guardiões de uma paisagem. In Câmara Municipal de Idanha-a-Nova. https://www.cm-idanhanova.pt/media/21032/pastores_guardioes_de_uma_paisagem.pdf [Consultado em 4 de Novembro de 2022]
- POMAR, Rosa (2013). Malhas Portuguesas. Civilização Editora.
- Recursos genéticos. In Sociedade Portuguesa de Ovinotecnia e Caprinotecnia. https://www.ovinosecaprinos.com/recursos_f.html [Consultado em 11 de Novembro de 2022]
- MEDEIROS, Carlos; LOPES, Filomena Lopes e TOSTÕES, Ana (2000). Tecelagem Tradicional: Motivos e padrões. Colecção Artes e Ofícios Tradicionais. Lisboa: Livros e Leituras, Lda.