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Bordados de Nisa

Práticas
©Câmara Municipal de Nisa

A tradição dos bordados em Nisa tem raízes profundas. Habilidosas mãos, muitas vezes femininas, transformam panos e fios em obras de arte que refletem a identidade da região.

Ao longo dos séculos, cuja origem não se pode afirmar com rigor, os saberes e fazeres associados ao bordado de Nisa arraigaram-se aos modos de ser e viver nisenses, tornando-os pilares económicos e culturais, provendo o sustento de dezenas de artesãs e as suas famílias.

Os modos de viver em Nisa, nomeadamente os costumes tradicionais do casamento, garantiram a transmissão dos conhecimentos do bordado entre as gerações, pelo que desde a infância as meninas aprendiam as técnicas que seriam aplicadas na produção do seu enxoval, posto à venda para aquisição ou construção da morada do casal. Eram bordados cobertores, colchas, lençóis e toalhas de rosto, entre outras peças, sem descuidar da cama da noiva, chamada “cama grave”.

Das manifestações desse saber fazer, são os Alinhavados de Nisa que apresentam, indubitavelmente, a expressão máxima da criatividade, originalidade e qualidade artística dos bordados nisenses, numa herança potencial dos bordados a branco difundidos a partir de Itália para toda a Europa, no século XV e que alcançaram nesta terra uma relevância sem igual em todo o país.

A sua execução é realizada em pano de linho ou alinhado (misto de linho e algodão), ou pano cru, sendo retirados os fios da trama do pano para ficar em aberto o fundo do desenho, sendo os restantes fios guarnecidos a ponto de crivo e o traçado do desenho a ponto de cordão, o que confere robustez ao bordado e originou o ditado popular “acaba-se o pano, mas fica o bordado”.

Entre os motivos tradicionais dos Alinhavados estão os caramelos, elementos de tipo geometrizado ou de crivo olho de rola, figuras humanas, geométricas, cruzes de Cristo, animais e vegetalismos, mas atualmente usam-se principalmente motivos florais. Os alinhavados podem ocupar desde todo o pano — no caso de peças como almofadões, centros de mesa e outros de dimensões similares — ou também ser aplicado às extremidades de peças de roupa, toalhas de mesa, panos de pão, etc.

Além dos alinhavados, o bordado nisorro desenvolveu outras expressões desse labor artístico, seja por sua aplicação, como nos xailes, cobertores e “cobrejões”, tradicionalmente bordados em ponto de cadeia com motivos florais.

Os xailes bordados são, ainda, peças fundamentais do traje tradicional de Nisa, sendo executados com recurso às mesmas técnicas de produção dos cobertores, entretanto em tecido merino — seja de lã ou mesmo de fibra, contemporaneamente — branco ou preto, sendo o primeiro usado mais frequentemente durante o Carnaval, juntamente com a tradicional saia de feltro vermelho decorada com um rameado, também em feltro, preto.

Panos, fios, agulhas, dedais, tesouras, operadas pelas mãos e guiadas pelo génio criativo nisense criaram peças que ao longo da história tornaram-se um símbolo da identidade e motivo de orgulho para as gentes de Nisa.

  

Texto cedido pela Câmara Municipal de Nisa.

  

Bibliografia

  • BARRETO, Manuel Joaquim Themudo. Alinhavados de Nisa. Câmara Municipal de Nisa, Nisa, 1993.
  • CARNEIRO, Eugénio Lapa. Os Lenços de Mão Bordados, 2ª ed., Ed. Pax, Lda., Braga, 1963.
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  • MOURA, José Diniz da Graça Motta e. Memória Histórica da Notável Vila de Nisa, edição fac-similada de 1855, Imprensa Nacional Casa da Moeda, Câmara Municipal de Nisa, 1989.
  • PARALTA, M. de Lourdes Seabra de Mascarenhas. Memorial em verso da notável Vila de Nisa, sua história, gentes, usos e costumes. Edição da autora, 1982.
  • PEREIRA, Benjamim. Têxteis Tecnologia e Simbolismo, Instituto de Investigação Científica, Museu de Etnologia, Lisboa, 1985.
  • PIRES, Ana Christina. Bordar em Português, Fundação Mário Soares, Casa-Museu João Soares, Leiria, 2002.

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