Os carvalhos (espécies do género Quercus L.) são
árvores de folha caduca (cai no outono e inverno), perene ou marcescente; neste
último caso, as folhas só caem com o nascimento de novas folhas. O carvalho-português
(cerquinho) pode atingir cerca de 20 metros de altura e o carvalho-alvarinho
pode ultrapassar os 40 metros, com uma longevidade de centenas de anos.
A floração dá-se entre março e abril e o fruto, a bolota
(glande), atinge a maturação entre setembro e outubro. Os frutos são
importantes na tradicional alimentação animal, devido ao elevado teor de
nutrientes (proteínas, gordura, hidratos de carbono, minerais), em especial
para javalis, veados, esquilos, pássaros e, também, para animais domésticos,
como os suínos. No passado, a bolota fez parte da alimentação humana, sob a forma
de farinha para manufatura de produtos semelhantes ao pão, e, recentemente, na
doçaria, sendo também consumida torrada.
Os carvalhos produzem madeira de alta qualidade, resistente,
densa e fácil de ser trabalhada. Utiliza-se para o fabrico de barricas de vinho
e mobiliário (carvalho-alvarinho e carvalho-português); nas artes tradicionais
é utilizada na produção de cestaria de madeira rachada.
O sobreiro (Quercus
suber L.) possui um
importante valor económico, sendo dele que se extrai a cortiça, matéria-prima
extremamente versátil e largamente aplicada tanto na indústria vinícola
(rolha), como na indústria da construção civil, do calçado, etc. Tem uma relevante
importância na economia nacional, sendo Portugal o maior exportador mundial de
cortiça.
Durante a época da expansão marítima, os carvalhos foram
muito utilizados na construção naval, o que provocou uma diminuição
significativa da sua mancha florestal. No século XIX e no início do séc. XX, a
agricultura substitui muitos bosques e a posterior reflorestação foi feita com outras
espécies, como o pinheiro e o eucalipto, que são mais rentáveis e proveitosas para
a indústria de papel. De acordo com o 6.º Inventário Florestal Nacional (2015),
a superfície ocupada pelos carvalhos (excepto sobreiro e azinheira) ocupa
apenas 81.7 mil hectares do território nacional.
Tem sido criada legislação que
visa proteger e dar a conhecer a floresta nativa, como a resolução da
Assembleia da República, aprovada em 22 de Dezembro de 2011, que instituiu o
sobreiro como árvore nacional de Portugal.
Bibliografia
- Pinho, João Pinho; Santos, Cristina; Sampaio (2020). Árvores indígenas em Portugal Continental. Guia de utilização. Lisboa: ICNF [disponível em icnf.pt]
- Vila-Viçosa, Carlos; Capelo, Jorge; Alves, Paulo; Almeida, Rubim; Vázquez, Francisco Maria (2023). New annotated checklist of the Portuguese oaks (Quercus, Fagaceae). Mediterranean Botany ISSNe 2603-9109
[disponível em revistas.ucm.es]
Webgrafia
- Espécies do género Quercus [disponível em jb.utad.pt]