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mapa de Cestaria de Vime
A cestaria de vime é uma das práticas mais presentes nas artes e ofícios em Portugal. Os principais centros de produção de cestaria em vime são Gonçalo, no concelho da Guarda, e Camacha, na ilha da Madeira. No entanto, a presença do vimeiro ou salgueiro em praticamente todo o país levou à disseminação desta arte em muitas regiões, de Norte a Sul, bem como nos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
O vime é uma fibra vegetal proveniente do vimeiro ou salgueiro. Estes assumem a forma de árvores ou arbustos, com ramos geralmente flexíveis, que crescem junto à água, nas margens de rios e ribeiras. A terminologia “salgueiro” refere a planta espontânea, o “vimeiro” refere a planta quando é cultivada para produção de cestaria. (Fernandes, 2019). Existem várias espécies de vimeiros ou salgueiros – cerca de 70 identificados na Europa. Em Portugal estão identificadas 12 espécies nativas e 5 espécies exóticas introduzidas no território, para além de diversas variedades híbridas, num total de 57 variedades.
A identificação das variedades utilizadas em cestaria na península Ibérica** apontam para a ocorrência em território português dos salgueiros espontâneos – Salix triandra L. e Salix purpurea L. – e, de entre os salgueiros cultivados em vimiais ou vimieiros, o mais frequentemente utilizado em cestaria é o Salix fragilis, que produz varas de vime num tom avermelhado escuro. O Salix viminalis L. é também frequentemente cultivado, fornecendo vimes direitos, compridos e muito flexíveis. Os caules da Salix Trianda L. são utilizados descascados ainda frescos (resultando no vime branco) ou após cozedura. O Salix purpurea produz ramos muito delgados, amplamente utilizados em cestaria fina e de trabalho mais complexo.
Como as próprias denominações correntes indicam, esta matéria-prima é utilizada em várias colorações, mas também em diferentes comprimentos e espessuras das varas.
O vime de cultivo é disposto no vimeiro, em terreno com características de aluvião, em fileiras de cepas de onde brotam as varas utilizadas na cestaria. A irrigação controlada do terreno é fundamental para a produção de varas de vime rijas. O excesso de água pode levar o vimeiro a produzir varas muito brandas.
A sazonalidade do corte das varas varia em função da área geográfica, entre Novembro e Fevereiro. A apanha anual em Gonçalo, na Guarda, é realizada durante o mês de Fevereiro, num momento em que as varas ainda não têm seiva. No Algarve, em Aljezur, o vime é colhido «durante o mês de Agosto, junto às ribeiras. Tem que ser neste mês, quando a erva está meio seca, “para não ganhar o bicho”» (BRANCO e SIMÃO, 1997).
Os artesãos que plantam o próprio vime, por vezes, dão-lhe formas específicas, por exemplo, uma determinada curvatura que facilita a construção de objetos como cestos ou mobiliário.
As varas do vime são escolhidas e acondicionadas em baraço enrolado, para serem cozidas em grandes caldeiras, com água a ferver em fogo lento, para ganhar as propriedades de conservação e tornar o material mais fácil de trabalhar. Na etapa seguinte, a secagem é feita de forma natural, ao ar livre. Neste processo, o vime adquire uma coloração castanha escura. Para que a matéria-prima fique em branco, o vime não deve ser fervido.
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