A oficina de latoaria conta com uma bancada de trabalho, onde se planifica, desenha, recorta e dobra, onde se instalam os equipamentos como a fiadeira e o furador. Presença obrigatória é também uma bigorna instalada num tronco de madeira e por vezes um barrote ao lado, com concavidades de diferentes dimensões para moldar as superfícies curvas.
O trabalho do latoeiro começa com a planificação das formas de todos os elementos que compõem um objeto. Estes são desenhados na chapa com um riscador, recorrendo a um molde, que permite a repetição exata da forma, ou com o auxílio de régua e compasso de bicos. A etapa seguinte é o recorte destes elementos com a tesoura. Depois, sobre a bigorna, e com o auxílio de um maço de madeira e do martelo, as peças planificadas vão ganhando volume, através de vincos, dobras e curvaturas, num processo de modelação que lhes imprime as formas finais. Os diferentes elementos vão sendo encaixados e unidos com solda da liga de chumbo e estanho. Nas peças de maior dimensão, para usos que exigem mais resistência, a união não é apenas soldada por sobreposição das chapas – é executada com uma bainha feita em ambas as extremidades a unir, que se encaixam e são bem marteladas. Após esta primeira fixação é aplicada a solda de estanho. Para boa adesão da solda utiliza-se resina triturada ou ácido clorídrico. No fim da soldadura removem-se os resíduos de solda à chapa com a raspadeira. É frequente encontrarem-se peças de latoaria pintadas, seja para decoração das mesmas, seja para proteção do material (EPV/ CEEV, 1982).
As ferramentas do latoeiro são: alicates, bigornas, compassos de bico, ferro de soldar, fieiras, limas, maços de madeira, martelos e moldes, geralmente de madeira ou chapa metálica. Nas oficinas podem existir ainda máquinas de roletes para o corte e dobragem da chapa, e alguns artífices usam a sua criatividade para criar ferramentas próprias.
Os objetos de latoaria respondiam às necessidades da vida doméstica, com extensa utilização na cozinha, na higiene, na iluminação, no armazenamento, mas também nas atividades agrárias e em alguns ofícios. Pode identificar-se uma longa lista de utensílios de cozinha como fervedor, coador, púcaro e bule, cântaro, canado, marmita, funil para vinho, fios de ovos ou para os enchidos, assador de castanhas, formas de bolos, cântaro para água ou leite, bilha ou talha para o armazenamento do azeite, almotolias, pás, bacias, jarros. Ainda em casa, encontravam-se latas com tampa, lanternas, castiçais, candeias, lamparinas, regadores e alguidares. Para a iluminação existe uma variedade de objetos com formatos adaptados a diferentes situações e combustíveis, desde o simples castiçal de velas, a candeias com depósito para azeite e posteriormente petróleo, com refletor para aumentar a luminosidade, que podem ser de pousar ou para pendurar. Os lampiões têm uma caixa fechada com vidros e chaminé, que permitem o transporte enquanto acesos e a utilização no exterior.
As peças de latoaria tiveram ainda outras utilizações, fora da esfera do doméstico e do trabalho, como por exemplo, os “canudos” onde eram entregues e guardados os diplomas de formação na universidade (séc. XIX e XX) (EPVC/ CEEV,1983).